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quinta-feira, 8 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Morrer pelo Brasil

A Copa do Mundo acabou para milhões de brasileiros. A eliminação do Brasil pela Holanda nas quartas de final deixou muita gente triste, decepcionada, arrasada. Alguns encontraram abrigo na derrota da Argentina, no dia seguinte, assumindo um discurso nacional xenófobo numa rivalidade imaginada e criada contra nuestros hermanos que não beneficia a ninguém.
Mas se para a Argentina e para o Brasil a Copa perdeu a graça, foi bem longe daqui que ela acabou com a esperança para um povo tão necessitado dela. No distante Haiti não há mais o que comemorar. Não há mais por quem torcer para trazer a alegria. Argentina eliminada. Brasil eliminado. Vidas eliminadas.
Não é sensacionalismo. O periódico Le Nouvelliste dá a notícia: quatro mortos depois do jogo do Brasil. Dois deles por suicídio. Torcedores pelo Brasil que não o conhecem preferiram deixar de viver a assistir uma Copa sem alegria. É triste. Loucura? Provavelmente, mas realidade.
Me pergunto porque não ocorreu a nenhum veículo da grande imprensa de cobrir o nacionalismo pelo Brasil tão longe dele. Afinal, nestes dias de Copa do Mundo somos fustigados por milhares de reportagens sobre um comemorando aqui ou ali, tirando onda ou torcendo contra o outro acolá. Porque esquecer do Haiti, país que o Brasil ocupa militarmente há seis anos, onde atualmente vivem quase 2 mil brasileiros e milhões de apaixonados pela camisa canarinho?
A Copa terminou. Pelo menos para nós. Chora-se no Brasil. Chora-se no Haiti.