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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aniversário

Hoje é o aniversário de um ano do terremoto. Não haveria nada a comemorar se não fosse o fato de que muitos sobreviveram e a esperança do povo continua. Mas é necessário dizer que nestes doze meses muito pouco foi feito para a reconstrução do país.
Em todo o mundo, milhares de pessoas contribuíram financeiramente para as centenas de ONGs que atuam no país, alcançando cifras de ajuda humanitária da ordem de bilhões de dólares. Mas, segundo estudo de um site estadunidense, disaster accountability, menos de 10% dessa soma bilionária efetivamente chegou ao Haiti. A maioria parou nas próprias estruturas das ONGs muito longe da ilha caribenha. Mas o quadro pode ser bem pior, já que só as ONGs dos EUA fazem prestações de contas dos seus gastos. No Haiti, há centenas delas, de diversas nacionalidades, inclusive brasileiras, que não fazem nenhum tipo de balanço do arrecadado e do efetivamente investido em ajuda humanitária. Claro que há as entidades sérias e dignas, mas entre as centenas, podem até ser a exceção.
Por outro lado, a ajuda dos governos de outros países foi muito mais anunciada do que efetivada. Pelo menos é o que se vê nas ruas: menos de 10% do entulho retirado, a maioria dos sobreviventes continuam em acampamentos de barracas provisórias enquanto uma onda de cólera vinda da Ásia – possivelmente trazida através do batalhão nepalês da ONU, segundo estudos estadounidenses e franceses – vitimou com a morte quase 3,5 mil pessoas.
Agora, eleições devem eleger nos próximos dias um novo presidente. Há sérias dúvidas sobre o que vai acontecer, principalmente por suspeitas em relação ao resultado do primeiro turno, ocorrido no final de novembro, e as violentas manifestações que se seguiram.
Diante desse quadro nebuloso, fica a certeza de que muito pouco há a comemorar deste aniversário. Fica também a incerteza sobre o horizonte para o Haiti. Um alento que posso trazer ao povo haitiano e aos amantes da sétima arte é que Ninguém sabe onde fica o Haiti está no forno, e deverá estar pronto em algumas semanas. Espero que a conclusão e divulgação do filme seja uma modesta contribuição, um sopro de esperança para o Haiti e para as pessoas do mundo inteiro que torcem para um futuro melhor.