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domingo, 17 de janeiro de 2010

Catástrofe no Haiti

Como todos que puderam conhecer o pequeno país caribenho, fiquei chocado com as imagens que nos chegam da destruição causada pelo terremoto de 7 graus que afetou o Haiti no dia 12 de janeiro de 2010. Em primeiro lugar, quero me solidarizar com os familiares das vítimas brasileiras, até agora 14 militares e uma civil, e as milhares de vítimas haitianas. Também não posso deixar de me solidarizar com a angústia de milhares de haitianos que estão fora de seu país, sem poder ter notícias de seus entes, familiares, amigos.

A dificuldade de informações, já que a internet e os telefones haitianos não funcionam, além da falta de energia elétrica tornam quase impossível obter notícias que não as que nos chegam via imprensa nacional e internacional. À angústia de não ter notícias se soma a informação de que, até agora, 7 mil mortos foram enterrados em vala comum, segundo informações do presidente René Preval divulgadas pela CNN, sem saber ao certo o número de vítimas total. Estimam-se 50, 100 mil mortos e já se fala até em 200 mil, mas a falta de estrutura social no Haiti nos faz prever que nunca saberemos com exatidão quantos faleceram na tragédia.

Além da dor da destruição, é necessário apontar que o frágil estado haitiano ruiu literalmente: o Palácio Nacional, sede do governo, imponente prédio branco no centro da capital já não existe mais. Junto com ele, também caíram o parlamento nacional, hospitais e ainda a sede da MINUSTAH, Missão das Nações Unidas pela Estabilidade no Haiti. Isso significa dizer que as instituições – que já eram precárias – não tem mais onde funcionar.

Diante deste quadro, a ajuda humanitária internacional torna-se imprescindível. Não há nenhuma possibilidade de o Haiti se reerguer sozinho ou sequer socorrer as milhares de vítimas. A reconstrução daquele país só será possível com uma efetiva ajuda humanitária internacional. Infelizmente, até agora nos anos de missão, o que foi investido no Haiti foi muito pouco para superar as dificuldades. A MINUSTAH, presente desde 2004 e chefiada pelo Brasil, conseguiu garantir a segurança, mas segundo o próprio relato de militares que dela participaram, a ajuda financeira para a reconstrução do país era muito aquém do necessário. Isso antes do terremoto. Agora...

Por esse motivo temos que saudar as promessas de ajuda, entre elas a brasileira, de 15 milhões de dólares. Apesar de setores da imprensa dizerem que a rapidez com que se destinou verba ao Haiti não se vê em outras fatalidades como o desabamento de Angra dos Reis, é preciso entender que a responsabilidade do nosso país com a nação caribenha é grande, afinal, há seis anos a presença brasileira é uma constante com a liderança da missão da ONU.

Tomara que a ajuda financeira anunciada, que já bate a casa dos 350 milhões de dólares se efetive. Que não se torne apenas promessa lançada no calor dos acontecimentos. Mas é necessário discutir um plano de reconstrução do Haiti, em que estejam presentes também os haitianos, respeitando sua autonomia. Além disso, no que se refere ao governo brasileiro e particularmente ao exército, é necessário se criar as estruturas para convocação voluntária de quem possa ajudar na reconstrução. Durante esses 6 anos de missão, 10 mil homens passaram pelo Haiti, conhecem a região e certamente, muitos destes, se convocados, se disporiam a voltar ao país para ajudar neste momento de dor, buscando sobreviventes e reconstruindo o país. Não é uma tarefa fácil, mas cabe ao Brasil, já que durante tantos anos chefiou a missão, agora se dispor realmente a ajudar o Haiti.


Henrique Maffei

Diretor de Ninguém sabe onde fica o Haiti

15 de janeiro de 2010

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